Convidámos a Susana, fundadora da Beija-flor a contar-nos um pouco sobre o processo de idealização e execução do novo calendário da Beija-flor para 2019!
Portugal Manual - Susana, fala-nos um pouco da tua ideia para a edição do calendário de 2019?
Susana - Posso confessar-vos que demorei muitos meses a preparar esta edição do calendário beija-flor 2019. Talvez por saber que estava na altura de fazer algumas mudanças e que estas teriam de ser muito bem pensadas, para não correr o risco do produto “perder” com as alterações, antes pelo contrário, garantir que estas o iriam valorizar.
PM - Qual foi a alteração mais importante?
Susana - Foi decidir que esta edição teria um tema.
PM - E qual foi o tema e que razões te levaram a ele?
Susana - Desde miúda que ouço o meu tio mais velho falar dos meses do ano, da época do ano, das colheitas, sempre com uma expressão portuguesa na ponta da língua e isso sempre me fascinou. Por isso acabei por escolher os ditados portugueses, relativos aos meses do ano, como mote para o calendário beija-flor 2019.
Este ano, num almoço de família, sentei-me à mesa com ele e pedi-lhe que me dissesse todas as expressões que sabia. Juntei-as às outras que recolhi da minha mãe e das minhas tias e fui “juntando as peças”. Percebi que haviam várias versões dos mesmos ditados e ainda melhor, descobri tantas expressões novas e bonitas!
Pedi a amigos para fazerem o mesmo com os seus familiares e consegui assim encontrar ainda mais expressões novas.
Reuni tudo, escolhi as que gostava mais (sim, a escolha foi completamente subjectiva :)) e assim escolhi a expressão que definiria cada mês de 2019.
É uma tentativa minha de as manter (mais) presentes entre nós, de esperar que não se percam no tempo e com a partida de quem as sabe de cor. Para além disso é mais do que conhecida a paixão do beija-flor (ou a minha vá, que isto de falar por mim e pelo beija-flor é, a maior parte das vezes o mesmo) pelo imaginário português e por isso fazia todo o sentido explorar este tema.
PM - As parcerias que a beija-flor tem feito com ilustradores portugueses já vem sendo tradição e neste calendário não podíamos esperar diferente, não era?
Susana - Quis manter a colaboração com ilustradores mas desta vez convidei 4 ilustradores criando assim um calendário com uma dinâmica diferente dos anos anteriores. Desafiei o João Fazenda, a Carolina Celas, o Tiago Galo e a Joana Rosa Bragança a ilustrarem 3 meses de 2019.
Procurei ilustradores com expressões / traços artísticos diferentes mas que em conjunto se completassem e creio que o consegui.
PM - Reparamos que o formato do calendário também mudou, passou de quadrangular a rectangular, por alguma razão especial?
Susana - Apenas para lhe dar mais espaço/destaque mas mantive a limitação de cores - este ano o amarelo mostarda e o azul escuro - para garantir a coerência por todo o calendário, apesar das diferentes linguagens dos ilustradores.
PM - Gostávamos que nos contasses mais um pouco sobre todo o processo de execução. Desde a capa até à escolha da madeira.
Susana - Optei por uma linguagem gráfica clássica, formal, coerente ao tema já de si bastante tradicional e apostei na simplicidade e no registo minimal, como aliás já é hábito verem por aqui.
Uma vez mais contei com a ajuda do Frederico Marques para a capa do calendário. Queria uma frase em jeito de ditado popular, que de alguma forma denunciasse um pouquinho do que poderiam descobrir no interior do calendário, e o Fred uma vez mais chegou à frase perfeita: “NA DÚZIA DO DEZANOVE, VENHA À TONA O QUE NOS MOVE!”.
PM - Fala-nos um pouco da razão que te levou a escolher fazer a impressão da capa e contracapa numa antiga máquina de tipografia.
Susana - Decidi torná-lo ainda mais tradicional, e único.
Quis mesmo que este processo de impressão fizesse parte do calendário 2019 por, de alguma forma, este processo antigo e tradicional nos remeter para uma época em que os calendários eram impressos nestas máquinas únicas. Para além disso queria a textura, o toque único do baixo-relevo, que este tipo de impressão permite, como um acabamento extra.
PM - De que forma a presença do processo MANUAL torna cada calendário único?
Susana - Contei com a ajuda preciosa da Sofia Meira que me ajudou a escolher a cor perfeita para a impressão e que depois imprimiu, uma a uma cada capa e contracapa do calendário 2019. Como devem imaginar, sendo este um processo manual, os resultados têm alguma margem de imprevisibilidade e singularidade, que lhe são intrínsecos. Não existem duas capas ou contracapas iguais, o processo manual não o permite.
PM - Onde podemos encontrar o calendário?
Susana - O calendário já está disponível para venda na loja online e/ou se preferirem via email.
E receba as novidades da Portugal Manual.